Hospital foi inaugurado sem alvará de funcionamento. Faltam documentos, equipamentos e a obra apresenta falhas

Destaque Polícia
Representantes de entidades de classes visitando as instalações do hospital

A população de Tupaciguara aguarda com ansiedade o início dos atendimentos no Hospital Municipal. A obra foi inaugurada em dezembro do ano passado. Foram contratados temporariamente, pela gestão anterior, sessenta e cinco profissionais da saúde para atuar no atendimento à população, mas nenhum cidadão foi atendido na unidade de saúde.
Na segunda-feira 18 de janeiro, a prefeitura municipal realizou um evento para prestar contas e esclarecer a real situação do hospital.
Representantes da sociedade organizada participaram do evento e a população pode acompanhar, em tempo real, através de transmissão nas redes sociais.
Durante o evento, o prefeito Francisco Neto, reiterou sua preocupação em relação ao funcionamento do hospital e disse que suspeita de uso eleitoral da obra. “A transição de governo foi negligenciada e levamos duas semanas para juntar documentos, apurar os fatos e tentar entender o que de fato está acontecendo. Os problemas são muitos e considero graves. Somente a gestão anterior pode explicar, por exemplo, os motivos que levaram o município a contratar temporariamente profissionais da saúde, para atuar na unidade que sequer tem alvará de funcionamento. Essa é só a ponta do iceberg e vai custar ao povo de Tupaciguara mais de 117 mil reais, para pagar as rescisões dos contratos. Dinheiro do povo utilizado de forma irresponsável e, provavelmente eleitoreira”, desabafou o prefeito Francisco Neto.
De acordo com o que apuramos e foi apresentado ao povo de Tupaciguara através de documentos e relatórios, que estão à disposição de todos, esses são os principais problemas detectados até agora:

NA OBRA

Principais falhas apontadas até o momento

– O prédio não conta com cabeamento de rede de dados para telefonia e internet;
– Não foram instalados os controladores de fluxo de gases medicinais (ar medicinal, oxigênio e vácuo), essenciais para o atendimento de pacientes;
– A obra não contemplou o espaço adequado para instalação da autoclave (equipamento para esterilização) . É necessário adequar o espaço;
– Rede elétrica apresenta falhas;
– Infiltrações no teto do centro cirúrgico;
– Patologias no acabamento como infiltrações e rachaduras em diversas áreas da unidade.
Segundo o secretário de obras, Gabriel Lourenço, o município está elaborando um laudo que será encaminhado à construtora responsável pela obra. “São problemas que não deveriam aparecer em uma construção entregue há tão pouco tempo”, disse Gabriel.

EQUIPAMENTOS

De acordo com relatório de várias páginas, apresentado pela secretaria de saúde destacamos alguns dos principais equipamentos que, segundo a secretária Janaina Lemos, são essenciais para o hospital funcionar:
– Berços aquecidos para recém nascidos;
– Caixas cirúrgicas – o hospital não tem instrumentos para a equipe médica realizar cirurgias;
– Aparelhos de ar condicionado (exigência da vigilância sanitária);
– Refrigeradores hospitalares;
– Detector fetal;
– Aparelho de ultrassom;
– Desfibrilador e monitor cardíaco;
– Termômetros e oxímetros;
– Cadeiras de rodas, cadeiras de banho, rouparia etc.
O relatório com todos os equipamentos que não foram adquiridos, tem setenta e sete itens e encontra-se a disposição da população.
A secretaria de saúde estimou que será necessário um investimento que pode chegar a seis milhões de reais, apenas em equipamentos exigidos pela vigilância sanitária. Janaína destaca ainda que o município está tentando dar celeridade aos processos licitatórios para estas compras.

DOCUMENTOS

As exigências legais para liberar o funcionamento de qualquer unidade de saúde são muitas e o processo é lento e burocrático.
O primeiro documento exigido pelo ministério da saúde é o Plano Assistencial. Este documento detalha todas as atividades médicas que serão realizadas no hospital, como por exemplo o tipo e a quantidade de cirurgias que a unidade pretende realizar. Segundo a secretária de saúde Janaína Lemos, este documento não foi entregue a atual administração durante o processo de transição e nem foi encontrado nos arquivos da prefeitura. “Sem o plano assistencial que é aprovado, ou não, pelo ministério da saúde, não é possível abrir a unidade”, esclareceu Janaina.
Uma relação com todos os documentos que deveriam estar prontos antes da inauguração da obra, é pública e se encontra a disposição da população.
Em relação ao alvará de funcionamento o processo já está em andamento, mas, a própria vigilância comunicou ao município, ainda no ano passado, que há pendências na documentação.
Outro alvará, não menos importante é liberado pelo corpo de bombeiros. O documento está tramitando em belo horizonte e essa semana, durante visita do comandante geral do corpo de bombeiros de minas gerais a Tupaciguara, o prefeito Francisco Neto solicitou ao Coronel Edgard Estevo, celeridade na liberação do documento. Fato que só pode se concretizar após a correção das falhas encontradas na obra.