Aumento na oferta e fraco consumo pressionam preços do boi gordo

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Segundo centro de estudos, o volume está ligeiramente abaixo do acumulado de janeiro a junho de 2020

 

Por Estadão conteúdo – O crescimento da oferta de boiadas no país e o fraco escoamento de carne bovina no mercado doméstico estão pressionando os preços do boi gordo no mercado físico, diz o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em relatório antecipado ao Broadcast Agro. Atualmente, a referência, na média do Brasil, está em torno de R$ 300/arroba, mesmo com a forte demanda externa pela proteína.
O Cepea cita os dados preliminares divulgados neste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicam aumento de 4,07% no número de animais abatidos no primeiro semestre de 2022 ante igual período do ano passado, somando 14,28 milhões de animais. Segundo o centro de estudos, o volume está ligeiramente abaixo do acumulado de janeiro a junho de 2020, em 2,71%.
“Mas já indica uma recuperação, o que, por sua vez, é resultado de investimentos em tecnologia realizados por parte de pecuaristas, sobretudo em inseminação artificial”, pontua o Cepea. No segundo trimestre deste ano, os números do IBGE mostraram que foram abatidos 7,32 milhões de cabeças. Quando desconsiderados os dados de 2021, o volume de animais abatidos de abril a junho de 2022 foi o menor desde 2011, quando somou 7,066 milhões.
“Comparando-se os dados do segundo trimestre do ano atual com os de 2020 e de 2019, observam-se retrações na quantidade abatida, de 1,09% e de 7,76%, respectivamente”, avalia o Cepea.
Boi gordo: Cepea fala em custos elevados
Ainda segundo o centro de pesquisas, o cenário confirma o momento que a cadeia pecuária nacional enfrenta desde 2020, de restrição de oferta de animais no campo, seja pela questão de retenção de fêmeas, mas também pela condição de clima — seca dos pastos — e pelos custos elevados de alimentação para a engorda.
“A recente recuperação na quantidade de animais abatidos foi acompanhada também por um crescimento no peso total da carcaça”, observa. De acordo com o Cepea, ainda citando o IBGE, no primeiro semestre de 2022 foram contabilizados 3,766 milhões de toneladas de carcaça bovina, número 4,08% maior que o de igual período de 2021 e 0,46% acima do de janeiro a junho de 2020.
“A quantidade de carne produzida por cabeça de boi teve média de 263,72 quilos/animal no primeiro semestre de 2022, praticamente a mesma da registrada em 2021, de 263,71 quilos/animal”, comenta o Cepea. Ainda assim, o centro de estudos observa que se trata da “maior média da história para o período”, mostrando a tendência de se produzir mais carne por animal nestes últimos anos.
O Cepea avalia que o movimento continua em 2022, mas com um volume maior de abates de animais. “Diante disso, a oferta fica mais elevada, pressionando um mercado ainda dependente do consumidor doméstico para absorver a maior parte da produção”, ressalta. O centro diz, ainda, que nos últimos dias muitas unidades de abate diminuíram a quantidade de animais abatidos e as escalas se alongaram, exercendo relativa pressão sobre as cotações da arroba.