Ex-prefeita de Araporã tem contas de 2019 rejeitadas e vê imagem de boa gestora ruir

Araporã Destaque

A imagem de gestora exemplar cultivada por Renata Borges, ex-prefeita de Araporã, sofreu um duro golpe. O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) rejeitou por unanimidade o pedido de reexame das contas da ex-prefeita relativas ao exercício de 2019. A decisão da Segunda Câmara do tribunal, proferida no último dia 6 de maio de 2025, escancara uma série de irregularidades graves na condução da administração municipal, colocando em xeque a reputação política da ex-chefe do Executivo.
A análise do processo revelou uma conduta que, segundo o conselheiro-relator Hamilton Coelho, configura ato doloso de improbidade administrativa. Entre as infrações listadas estão:
• A abertura de R$ 16,8 milhões em créditos suplementares sem a devida autorização legislativa;
• O repasse indevido de R$ 55,9 mil acima do permitido à Câmara Municipal, extrapolando o limite constitucional;
• A destinação de apenas 13,64% da receita para a saúde, bem abaixo do mínimo legal de 15%.
Esses números não são apenas tecnicalidades contábeis. Eles representam escolhas administrativas que impactaram diretamente a população de Araporã, principalmente os mais vulneráveis, que dependem de serviços públicos básicos para sobreviver. Ao investir menos do que o mínimo obrigatório na saúde, por exemplo, a ex-prefeita colocou em risco o atendimento à população — algo inaceitável em qualquer cenário, especialmente em uma época de crescentes demandas sociais.
A decisão do TCE-MG vai além da reprovação técnica: ela abre margem para uma possível intervenção estadual no município, tamanha a gravidade das falhas detectadas. Uma medida extrema como essa só é cogitada quando há indícios de que a legalidade e a harmonia entre os Poderes locais foram rompidas — o que, segundo o tribunal, ocorreu em Araporã sob a gestão de Renata Borges.
Para muitos moradores da cidade, acostumados a ver a ex-prefeita como uma figura quase mítica da boa administração, o veredito do tribunal é um choque de realidade. A rejeição das contas de 2019 levanta, inevitavelmente, um questionamento perturbador: será que as contas dos anos seguintes também estão marcadas por irregularidades?
O futuro político de Renata Borges agora parece incerto. A condenação em uma corte técnica como o TCE-MG pode não apenas minar eventuais pretensões eleitorais, mas também resultar em sanções mais duras, caso novas investigações avancem. O que é certo, no entanto, é que a narrativa da boa gestora sofreu um revés do qual talvez não consiga se recuperar.
Neste momento, o que a população de Araporã mais precisa é de transparência, responsabilidade e, acima de tudo, respeito com os recursos públicos. A cidade merece muito mais do que gestões questionáveis e promessas de eficiência não cumpridas. O caso de Renata Borges deve servir de alerta: boa imagem não basta — é na prestação de contas que se revela a verdadeira face da administração pública.