Infecções adquiridas ao fazer as unhas vão desde micose até HIV

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Salões precisam seguir protocolos de biossegurança para evitar risco de transmissão de doenças

 

Fernando Mellis, do R7 – Você costuma levar seu próprio alicate quando vai fazer as unhas em um salão? Verifica se as ferramentas utilizadas são descartáveis ou como elas são esterilizadas?
A rotina de manicures e pedicures deve sempre ter em mente protocolos de biossegurança. Caso não sejam seguidos, há risco da transmissão de patógenos que podem causar doenças graves.
A médica infectologista Ingrid Cotta, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, ressalta que há diretrizes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que devem ser observadas por salões de beleza.
“Existem materiais perfurocortantes ali, que são os alicates. Diante de um material perfurocortante, existe o risco de transmissão das infecções, principalmente as virais.”
A norma determina que alicates, espátulas e outras ferramentas de metal sejam esterilizadas entre um cliente e outro e guardadas em local limpo e seco com data da esterilização na embalagem.
As infecções por fungos — na pele (frieiras) ou nas unhas (onicomicoses) — são as mais frequentes nos salões de beleza e também são de tratamento mais simples. No caso das de pele, entre uma e quatro semanas. As de unha, cerca de quatro meses.
Mas o que realmente preocupa os médicos são as doenças transmitidas por vírus.
“O vírus da hepatite B fica na superfície por até seis dias. Já o vírus da hepatite C pode ficar até 24 horas e o do HIV durante até uma hora. Imagine que um alicate que tenha entrado em contato com o sangue de alguém infectado seja usado em outra cliente, entre em contato com o sangue de outra pessoa”, acrescenta Ingrid.
A principal orientação da infectologista é para que se leve o próprio alicate quando for fazer as unhas. Além disso, é importante a vacinação contra a hepatite B, uma doença sem cura.
“É uma vacina de excelente eficácia e disponível no nosso meio, tanto para as profissionais do salão de beleza como para as usuárias.”
Em caso de corte, água corrente e sabão são suficientes para neutralizar os patógenos. A médica contraindica o uso de substâncias abrasivas, como álcool e água oxigenada.
Outras infecções possíveis de serem adquiridas ao fazer as unhas são as de origem bacteriana.
“Se a unha do pé ou a área ao redor da unha parecer vermelha, quente ou inchada alguns dias após a pedicure, você pode ter uma infecção bacteriana na pele ou nas unhas. O tratamento pode incluir antibióticos e possivelmente uma incisão para drenar a área”, explica um trecho de um artigo da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos.
Por fim, a especialista também orienta sobre a importância de se manter os cuidados para a prevenção da Covid-19 em salões de beleza, especialmente com o uso de máscara.
Neste tipo de ambiente, as pessoas normalmente ficam muito próximas e conversam, o que é um facilitador para a transmissão do coronavírus.
“A Covid também é uma doença que pode ser adquirida dentro de um salão de beleza.